Acredito que você já tenha ouvido falar em endometriose, conheça alguma mulher que tenha este diagnóstico ou você mesma o possua. Mas você sabe o que é?
O endométrio é o revestimento interno do útero, que cresce durante os dias sem menstruação e se desprende durante a menstruação.
A endometriose acontece quando o tecido endometrial vai para fora da cavidade uterina e ali começa a crescer.
Os locais mais comuns onde o endométrio cresce fora do útero são no abdômen, envolvendo os ovários, as trompas de falópio, a superfície externa do útero, a bexiga, o revestimento da cavidade pélvica, mas também pode ser encontrado nos intestinos, reto, colo do útero, vagina ou vulva.
Geralmente o crescimento do tecido do endométrio não é maligno e é apenas um tecido normal crescendo em um local diferente do correto.
Assim como o revestimento interno do útero, estes tecidos endometriais também respondem aos hormônios do sistema reprodutor feminino e também crescem e sangram todo mês.
Mas a diferença é que por estarem em locais anormais, eles não têm saída para fora do corpo, como o endométrio que reveste o útero tem saída para a menstruação.
Desta forma, ocorre um sangramento interno, inflamação e cicatrizes.
Estágios da endometriose
Há 4 diferentes estágios da endometriose, sendo que o 1 e 2 são estágios iniciais e 3 e 4 são estágios mais avançados.
Estes estágios são baseados na localização, quantidade, profundidade e tamanho dos focos endometrióticos.
Os critérios específicos são a extensão da disseminação do tecido, o envolvimento das estruturas pélvicas, a extensão das aderências pélvicas e a obstrução das trompas de falópio.
O estágio da doença não corresponde necessariamente à gravidade dos sintomas e por isso uma mulher no estágio 1 pode apresentar sintomas muito intensos enquanto uma mulher em estágios mais avançados pode apresentar sintomas mais leves.
Sintomas da endometriose
Abaixo alguns sintomas que são muito comuns na endometriose:
- dor pélvica crônica;
- dor antes e durante a menstruação;
- dor durante a relação sexual;
- dor ao urinar ou durante a evacuação;
- dor lombar;
- dor aguda na parte inferior do abdômen;
- mudanças de humor;
- depressão;
- infertilidade.
Causas da endometriose
As causas da endometriose não são muito bem conhecidas, mas a teoria mais comum é a da “menstruação retrógrada”, que sugere que durante a menstruação parte do sangue e do tecido endometrial retorna para as trompas de falópio, implanta-se no abdômen e estas células se fixam nos órgãos pélvicos próximos e começam a crescer.
Alguns especialistas acreditam que a maioria das mulheres apresenta a menstruação retrógrada, mas nem todas desenvolvem a doença e que problemas imunológicos ou hormonais explicariam o porquê de algumas mulheres desenvolverem a endometriose.
Endometriose e o fator emocional
Existem muitos estudos que relacionam a endometriose a questões emocionais. E como eu sempre digo, somos mente e corpo, e não há como separá-los, o que sentimos no corpo reflete na mente e o contrário também.
O que alguns estudos mostram:
- a catastrofização pode desempenhar papel muito importante na experiência da dor em mulheres com endometriose;
- pacientes com endometriose costumam apresentar maiores escores de ansiedade e introversão do que mulheres com outras condições ginecológicas;
- mulheres com endometriose são caracterizadas por altos níveis de ansiedade e um declínio significativo na qualidade de vida;
- o estresse pode ser considerado um fator de risco para desenvolvimento da doença.
Muitos estudos mostram uma estreita relação entre estresse e redução dos limiares de dor, ou seja, a pessoa que sofre de estresse tende a sofrer mais de dor.
Da mesma forma, ansiedade, traumas físicos e psicológicos podem ser considerados preditivos de desenvolvimento de sensibilização central, facilitando o caminho para tornar a dor em dor crônica.
É como se fosse um ciclo vicioso, pois o emocional abalado tende a aumentar a dor, mas a piora da dor também repercute na questão emocional.
Por isso o acompanhamento psicológico é tão necessário para quebrar este ciclo.
Endometriose na visão do Ayurveda
Para o Ayurveda, toda doença inicia-se com um agni que não esteja trabalhando adequadamente. Quando o nosso poder de digestão está baixo, pode haver formação e acúmulo de ama (toxinas), que irá se depositar em tecidos que estejam mais fracos.
O acúmulo de ama além de gerar desequilíbrios, pode perturbar e atrapalhar os sistemas de circulação e eliminação do corpo, dificultando a circulação e chegada de nutrientes aos tecidos e, também, a eliminação de resíduos do nosso corpo.
Quando pensamos em Ayurveda também pensamos em doshas e toda doença apresenta desequilíbrio de um, dois ou três doshas.
No caso da endometriose, podemos observar o desequilíbrio dos 3 doshas:
- desequilíbrio de dosha Kapha: causa o acúmulo de células e aumento do tecido do endométrio;
- desequilíbrio de dosha Pitta: causa as alterações na menstruação e os processos inflamatórios, que são característicos da doença;
- desequilíbrio de Vata: causa as dores e o deslocamento do tecido endometrial para locais fora do útero.
Desta forma, podemos ver que os 3 doshas estão envolvidos, mas a proporção do envolvimento de cada um vai depender de cada paciente.
O dosha Vata é o dosha que tem maior facilidade de se desequilibrar, seguido do dosha Pitta e por último o dosha Kapha.
Sendo assim, podemos pensar, de uma forma geral, que existe uma grande probabilidade de o dosha Vata ser o primeiro a se desequilibrar.
Isso porque ele é o responsável pela descida e saída da menstruação para fora do corpo e na endometriose temos um tecido se deslocando para um lugar inadequado, contra seu fluxo natural.
Por isso podemos pensar em Vata como sendo o primeiro dosha a entrar em desequilíbrio e causando o desequilíbrio dos demais.
No entanto, reforço que cada caso deve ser analisado individualmente.
Causas da endometriose, segundo o Ayurveda
Como principais causas que o Ayurveda menciona, podemos destacar situações que tendem a agravar o dosha Vata, como:
- suprimir as urgências naturais, principalmente gases, fezes e urina;
- constipação frequente ou crônica;
- ingerir alimentos secos, amargos e frios;
- falta de exercícios;
- horários irregulares para as refeições, entre outras causas.
Tratamento no Ayurveda para endometriose
O tratamento ayurvédico dependerá do que o terapeuta encontrará na avaliação dos doshas. Lembrando que não tratamos a doença, mas sim o paciente. Ou seja, não existe receita de bolo.
Mas de uma forma geral, o tratamento vai ser direcionado para a eliminação de ama do corpo, melhora do agni, reequilíbrio dos doshas, com alimentação, orientação de rotina diária e prática de exercícios.
Algumas terapias corporais podem ser realizadas para auxiliar no equilíbrio destes doshas.
Pacificar o dosha Vata é algo muito importante dentro do tratamento, mas sem esquecer dos outros doshas. E avaliar a capacidade digestiva também deve ser prioridade no tratamento.
Utilizamos também a fitoterapia para nos auxiliar neste processo, pensando em ervas que tenham atuação no sistema reprodutor feminino.
E não podemos nos esquecer de sempre avaliar as questões emocionais e indicar o acompanhamento com um psicólogo.
Equilibrar o dosha Vata já auxilia nas questões emocionais como ansiedade, estresse e preocupação excessiva.
Por isso o tratamento será um cuidado eterno seu para com você mesma.
Os medicamentos ou até mesmo a cirurgia podem até fazer parte do tratamento, mas a qualidade de vida que você terá só depende de você e mais ninguém. Por isso, se cuide❤️.
Lembrando que o tratamento ayurvédico nunca deve substituir o tratamento médico e sim complementá-lo.
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